Desertos médicos: “Todos os países enfrentam desigualdades territoriais na prestação de cuidados de saúde”

O envio de médicos generalistas para reforçar as áreas carentes, como parte de uma missão de solidariedade territorial — uma medida fundamental do plano Bayrou para combater os desertos médicos, anunciado na primavera — começará em setembro. Enquanto na França os médicos permanecem amplamente contrários a quaisquer restrições à sua liberdade de exercer a profissão, outros países implementaram diversas medidas regulatórias. Guillaume Chevillard, pesquisador do Instituto de Pesquisa e Documentação em Economia da Saúde, oferece uma visão geral.
O debate sobre a regulamentação da prática médica já foi resolvido em muitos países. Com que objetivo?Na França, falamos de "regulamentação" no singular. Mas, se olharmos para além das nossas fronteiras, o plural é essencial: o controle sobre o estabelecimento de médicos assume diferentes formas. Na Alemanha, a regulamentação significa limitar a chegada de novos médicos às áreas mais bem equipadas do país — é isso que o projeto de lei Garot, aprovado em primeira leitura na Assembleia no início de maio, visa. Nos países escandinavos, o estabelecimento de médicos particulares está sujeito a um contrato com as autoridades locais. Essas autoridades podem ou não aceitá-lo. Em outros países com sistemas de saúde mais distantes do nosso — Venezuela, Índia, México ou Malásia — os novos médicos são obrigados a prestar "serviço obrigatório" por um determinado período. Esse serviço obrigatório temporário também existe na Austrália e na Nova Zelândia, mas se aplica apenas a médicos com diploma estrangeiro.
A demografia médica nesses países era tão deficiente quanto na França?Nem todos esses países vivenciam situações de desertificação médica como a França, mas todos enfrentam desigualdades territoriais em termos de prestação de serviços de saúde. A questão é universal: em todos os países, independentemente do seu nível de desenvolvimento econômico e do seu sistema de saúde, identificamos o que chamamos de áreas "subdensas". E isso costuma ser mais visível e mais agudo em áreas remotas, territórios rurais.
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